Nad & Amon

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Há muitas e muitas luas atrás, quando nenhum homem arriscava sair de seu vilarejo para enfrentar as temíveis montanhas dos deuses, o homem místico da tribo Anom havia profetizado a estrela vermelha, aquela que guiaria a humanidade para uma liberdade sem fome, doença ou guerra... Uma nova vida.

O jovem Nad nascera naquela noite e obviamente, além dos braços da mãe que se preocupava em aquecê-lo em meio a aurora ártica, o brilho intenso daquele astro escarlate o cativava com ternura, o seduzia e hipnotizava.

Os anos se passaram, Nad e seus amigos largavam os brinquedos e as brincadeiras gradativamente conforme os anos se passavam e começavam a empunhar lanças, tornando-se caçadores e guerreiros esguios.  Naquela altura, após 48 ciclos lunares (4 anos no calendário atual), muitos já haviam esquecidos de Anom, o nome dado também à estrela vermelha do vilarejo; mas Nad ainda dedicava tempo e esforço todas as noites para visualizar "aquela que estava abaixo do sol mas só brilhava sob a lua".

Em todas as noites, Nad escalava um dos morros mais altos próximos de sua tribo e deitado na grama rala, refletia o ponto vermelho em suas íris, lá conversava, ria e até arriscava algumas lágrimas... Uma paixão inexplicável pelo astro se dava ao jovem que passava a trocar o sorriso por dias mais tristes, a distância o impedia de tê-la e... Na noite em que ele não desistira, mas não insistiria mais, foi "a noite em que ele a perdia para todo o sempre, mas também a noite em que ele a teria para todo o sempre". Ainda deitado, lançava seus dedos para a estrela que entre ilusão e outra acabava na palma de suas mãos.

No dia seguinte, Nad despertava com o alvoroço no centro do vilarejo ainda encoberto pela fina camada de gelo que derretia-se lentamente com os tímidos raios solares. Como de costume, os olhos voltavam-se ao céu ainda escuro em busca dela... Dessa vez ela não estava lá, lembrava-se da promessa e da despedida. Dirigia-se ao centro de toda aquela balbúrdia e como se os pulmões fossem envolvidos por uma única respiração gélida, ouvia apenas o seu coração pulsando em teu corpo junto ao pulsar da garota que, perplexa, o admirava logo a frente.

Pele clara como a neve, olhos negros como a noite e fios de cabelo intensos como o próprio fogo. Nad arriscava em lançar seus dedos a garota que, agora, entre realidade e outra, estava em seus braços.

Tanto sentimento entre os dois por todos aqueles ciclos lunares não haveriam dias humanos que pudessem consumí-los por completo. E foi assim que aconteceu... a promessa da vida.

"Muito mais do que qualquer homem pode mensurar
Ontem, hoje e sempre durará
Nad e Amon viverão
Amor este que jamais existirá.
Tanto sentimento em poucos olhares
Eles jamais terão com o que se preocupar
Agora ou amanhã, seja por onde andares
Muito tempo eles terão para se amar
O mundo formado por duas almas..."

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