Welcome to the jungle!

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Você acorda cedo, realiza uma série de tarefas rotineiras para então chegar ao trabalho, vende sua mão de obra que nem sempre é paga de acordo com o valor, conta as horas para chegar em casa e apreciar o pouco que lhe resta naquele dia para sua vida social e familiar.

Essa rotina se deu por quase 6 anos e, então, em 04 de outubro de 2012, recebi a notícia que não faria mais parte do quadro de funcionários da companhia por motivos que qualquer um poderia chorar no lugar do sorriso nervoso. Desta data em diante, contando exatamente 6 longos meses, vivi sob o padrão da grande massa de desempregados que encontramos nas ruas com suas costumeiras pastas, currículos e uma incansável força de vontade para continuar, continuar e continuar.

Então, no final de fevereiro de 2013, uma nova esperança surge das cinzas para surpreender o tédio, a falta de perspectiva e fé. O chamado para uma nova posição no mercado, uma reposição tão boa quanto a que você perdeu na rotina anterior. É, a ficha ainda demora pra cair mesmo depois de algumas semanas trabalhando...

É importante salientar que a partir desse ponto, tudo o que se diz transmite a realidade nua e crua, sem sarcasmo, ironia ou brincadeira - é sério :P

Agora, acordo ainda mais cedo para trabalhar, pego um ônibus metropolitano na rodoviária de Americana para a rodoviária de Campinas e, uma vez lá, caminho 2 quilômetros até o ponto de ônibus do circular para poder chegar no meu trabalho - para voltar é o caminho inverso, óbvio.

Neste trajeto descobri coisas curiosas sobre a selva da metrópole - diferenças notórias para um garoto do interior. Especificamente dentro do ônibus circular (tanto na ida quanto na volta), elenquei alguns deles:

  • Não existe lei da física dentro desses ônibus, está provado que muito mais do que dois corpos ocupam sim o mesmo espaço.
  • Os ônibus estão sempre tão cheios, que você não consegue passar frio, mesmo com as janelas abertas; as vezes você tem a impressão de que está respirando o ar do companheiro ao lado e pode matá-lo por isso; você pode deixar de se segurar e continuar de pé; você pode deixar de se segurar e tirar os pés do chão que você continua de pé!
  • Os motoristas estão interessados na grana, não em segurança. Se o ônibus tem o limite de 40 pessoas de pé e algumas sentadas, acreditem, eles conseguem dobrar esse número... Pessoas são cuspidas pelo escapamento, eu acredito.
  • Os motoristas possuem um péssimo senso de direção ou não se dão conta do que realmente estão transportando... As vezes penso que eles são caminhoneiros de carga bovina/suína.
  • No ponto, os ônibus são como um grão de chocolate e os cidadãos, formigas. Você não pode dar brecha, precisa assumir uma posição de batalha espartana e lutar ferozmente por aquilo que é seu: entrar no trabalho sem atrasos!
  • Como se não bastasse tudo isso, você ainda conta com o elemento surpresa. Aquele desagradável momento onde o indivíduo ao lado, apercebendo-se da multidão e do anonimato instantâneo, resolve soltar aquela marofa caprichada no ar... Se apreciar bem, consegue sentir o gosto de ***** na boca e o ar esquentar.
E não! Ainda não vivi esse trajeto com chuva... Não ainda.

Aí vem a pergunta "Mas então qual a diferença do trabalho anterior pra esse? Parece que piorou!" - Que nada! Um bom trabalho está além de um razoável bom salário, minha opinião segue a ideia de que salário é muito mais do que o dinheiro no primeiro dia útil. Salário é composto por benefícios, ambiente onde se trabalha, cultura da empresa, paradigmas, companheiros de trabalhos e qualidade de vida.

É levando em conta todos esses fatores que digo: ESTOU AMANDO A VIDA QUE TENHO! AMO O QUE FAÇO!

Os chatolinos de plantão talvez digam "Isso aí é motivação inicial de emprego novo... Logo logo a história muda." e eu respondo, motivação ou não, passo a viver em função de ser feliz e estar feliz, sem depender de conta corrente cheia ou não. Quando você faz aquilo que gosta em torno de pessoas que você admira, todo o resto é um detalhe. Luxo.

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